Monday, February 07, 2005

Diálogo entre Francisco Louça e a sua mulher...

Ah e tal, como estamos em campanha e as eleições tão aí à porta, resolvi por aqui um diálogo entre Francisco Louça e a sua mulher...qualquer semelhança com a realiadade é pura coincidência...

- Querido, achas que sou bonita?
- Eu não diria bonita, pois trata-se de um conceito adoptado pelas classes dominantes para classificar animais humanos dentro de padrões de beleza culturalmente preestabelecidos.
- Isso que dizer que sou feia?
- Cosmeticamente diferente é o termo mais adequado.
- Mas, tu ainda me amas?
- O amor é um sentimento inventado pela burguesia com intuito de subjugar os indivíduos a um único modo de pensar a sociedade, tirando-lhes a razão e o senso crítico.
- E depois?
- Depois, nutro por ti um sentimento de co-participação em interesses de ordem habitacional, económica e sexual.
- O quê? Quer dizer que tu só me queres como mulher-a-dias e prostituta?
- Não se diz mulher-a-dias e sim higienizadora ambiental. E tratar parceiras sexuais alugadas como prostitutas não é politicamente correcto.
- Tu deves estar louco.
- Emocionalmente fora do padrão.
- Bem me avisaram que eras um chato.
- Chato não, pessoa interessante de maneira diferente.
- Como fui cega...
- Desprovida de capacidade visual é mais correcto.
- Não sei por que casei contigo!
- Desconheces o motivo que te levou a submeteres-te a uma institucionalização oficializante do relacionamento de co-habitação entre duas pessoas de sexo não coincidente.
- Idiota!
- Pessoa com ideia fixa.
- Para mim chega! Vou procurar um amante que me queira.
- Não precisas de recorrer a este tipo de relacionamento com padrão não convencional, nós ainda podemos partilhar de uma coexistência saudável como duas pessoas com referências diferenciadas da cultura dominante.
- Prefiro viver com um lavador de carros a continuar contigo!
- A tua preferência em manter uma co-habitação de carácter afectivo com um especialista em aparência de veículos, não te dá o direito de comparar opções de meio de sobrevivência alternativo com o meu comportamento que se diferencia dos dogmas do status-quo.
- Ah, por que é que não podes ser uma pessoa normal?
- A normalidade é uma convenção imposta.
- Chega, não aguento mais! Quero matar-te!
- O que tu desejas é transformar-me num indivíduo metabolicamente inviável.